500 passos

Zero passos: ginjeira do meu quintal a anunciar o outono.

Zero passos: ginjeira do meu quintal a anunciar o outono.


Possivelmente, todos se lembram do jogo “Minha mãe, dá licença?”, a que se seguia a pergunta “Quantos passos?”.
Como a mãe aqui sou eu, dei-me licença para o jogar sozinha, de uma forma diferente. O desafio é fotografar tudo o que encontro num raio de 500 passos a partir do meu quintal. Porque, onde quer que eu vá, seja em direção ao miolo da aldeia ou ao topo dos montes, há sempre algo novo para registar: um novo ângulo, a mudança desencadeada pelo lento desenrolar das estações, a luz que tudo transforma, algo que foi acrescentado ou destruído, o que se mantém imutável através do tempo.

Quinhentos passos, contados com a exatidão possível do pedómetro, traçam o limite para o desafio ser maior: o de mostrar todo o universo possível neste pequeno espaço. Aos poucos, quero ir contando a história da aldeia, das pessoas, das hortas habitadas e das casas em ruínas, da paisagem em constante mutação.

É um trabalho que irá surgindo, ao ritmo do tempo e da vontade, mas que me fará olhar as coisas com outra perspectiva, ir ao encontro tanto das novidades como das pedras gastas e assim procurar o fio condutor que ajude a tricotar esta ideia.

Para já, ficam as imagens captadas nas últimas duas semanas, enquanto o outono se vai instalando, lentamente, passo a passo.

O mesmo freixo; várias perspetivas.

O mesmo freixo; várias perspetivas.

Não são resquícios de Halloween nem marcas de bruxaria; são as marcações dos limites da freguesia.

Não são resquícios de Halloween nem marcas de bruxaria; são as marcações dos limites da freguesia.