Decidi começar a partilhar as histórias – e os dados técnicos - por trás de algumas imagens que podem ver aqui no site, juntando-as numa categoria chamada Bastidores. A primeira, é de umas intrigantes mãos azuis que seguram uma cria de pato.
A etnia Dong, que habita a província de Guizhou, no Sudoeste da China, veste-se tradicionalmente com roupas azuis. Nas aldeias da região, o método utilizado para tingir os tecidos é ainda artesanal, mergulhando-os numa pasta índigo que se obtém da maceração das folhas de indigofera em água.
Quando estava a fotografar no mercado de Luoxiang, deparei-me com uma vendedora de patos com as mãos visivelmente azuis. Soube exatamente do que se tratava, porque dias antes tinha fotografado uma outra mulher, numa outra aldeia, a preparar a característica pasta. Percebida a ligação, achei que aquele encontro fortuito no mercado contaria muito bem a história do índigo. Utilizando a linguagem universal que todos somos capazes de "falar", pedi-lhe então que segurasse o patinho por uns instantes e fiz a foto.
Sempre que ouço a palavra índigo, lembro-me desta imagem e de tudo o que aprendi em tão pouco tempo: qual o aspeto da planta, porque é cultivada, como se faz a pasta e... a resposta para a cor do vestuário tradicional dos Dong. É para isto que servem as viagens. E é também para isto que serve a fotografia.