Bétula: plantámos uma no Nordeste Transmontano

Ser freelance é isto mesmo: não ficar quieto, adaptar-se, saber reinventar-se. Em boa verdade, a inconstância está para o freelance como a estepe está para o nómada mongol: é a essência do seu modo de vida.

Quando dei início à atividade de repórter, há quase 21 anos, fi-lo precisamente nessa qualidade, assumindo a imprevisibilidade inerente à ausência de um vínculo contratual com uma entidade empregadora/pagadora – um rendimento regular, portanto. Na altura, o mundo editorial crescia de forma tão vigorosa que até achámos boa ideia fazer isto a dois; e assim, (em boa hora, há que dizer) a Ana saltou para o mesmo barco... um barco sem GPS, sem sondas, sem radar - um barco onde apenas se podia navegar à vista.

Anos mais tarde, valeu-nos a experiência de centenas de reportagens entretanto publicadas para dar início a uma nova fase: a partilha de conhecimentos através da realização de workshops e passeios fotográficos. Vivia-se então o boom da fotografia digital, com uma procura inédita de experiência – e experiências – nesta área.

A mudança para Bragança, em 2010, manteve o registo formativo e lúdico dessas atividades, mas também abriu a porta a projetos fotográficos e editoriais de outra envergadura... e a vontade de fazer cada vez mais atividades ligadas à região.

E assim nasceram, mais recentemente, os passeios Saída à Medida: variados, personalizados e adaptados à sazonalidade vincada que aqui se faz sentir. Já não nos dirigimos apenas aos que gostam de fotografia, mas a todos aqueles que apreciam a vida ao ar livre e procuram uma experiência mais profunda e enriquecedora - “casais, famílias ou amigos, apaixonados pela natureza e pela vida selvagem, por uma caminhada na neve ou um simples mergulho em águas límpidas”,  tal como anunciamos nos postais promocionais, cujas faces podem ver ao longo deste post.

Achamos, por isso, que é altura de separar o que será sempre inseparável: o fotógrafo António Sá e a autora de textos Ana Pedrosa – que continuarão a existir como tal – das atividades mais vocacionadas para o turismo da natureza, como são as Saídas à Medida e outras que entretanto estamos a preparar. A partir de agora, estas últimas aparecerão sob o nome BÉTULA (marca registada no INPI), com uma identidade gráfica criada pelo reconhecido atelier R2 Design, dos nossos amigos Artur Rebelo e Lizá Ramalho.

Mas bétula é, antes de tudo, uma árvore.
Uma árvore esbelta, de silhueta simples, depurada, com a particularidade de apresentar um tronco branco com tracinhos escuros e uma roupagem distintamente bela em cada uma das estações do ano.

As bétulas têm uma aparência delicada mas são muito resistentes; são árvores de altitude, dão-se bem com a neve e o frio das montanhas, e gostam das latitudes setentrionais ainda acima do círculo polar ártico, até onde a tundra não as deixa mais seguir caminho – nem a qualquer outra árvore, de resto. As bétulas existem em Montalegre, em Montesinho, aqui ao lado em Sanábria, na Islândia e na Noruega, onde se chamam bjørk – que é também uma voz que gostamos desde o tempo dos Sugar Cubes. Elas povoam os sítios que mais nos inspiram - da nossa imaginação ao nosso jardim.  

BÉTULA simboliza o espírito que procuramos incutir na nossa própria vida e naquilo que fazemos: simplicidade, tenacidade, sazonalidade.

E agora que a plantámos, queremos partilhar o seu crescimento e multiplicação com todos aqueles que procuram as coisas boas da vida.

Porque melhor que uma bela árvore... é um bosque inteiro a perder de vista.